segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Este dia,29 de Dezembro, tem sido sempre, um dia de introspecção. Mais do que o final do ano que quase coincide, neste dia, obrigo-me a um balanço. Passado um ano desde o ultimo 29 de Dezembro, interessa-me mais equacionar o que fiz e não fiz, do que se fiz bem ou mal. Se podia ter sido melhor Pai, melhor marido ou melhor filho, é claro que sim, agi como sou, com as virtudes e os defeitos como toda a gente. Até posso fazer um esforço, limar arestas e tentar avançar no sentido da perfeição. A verdade é que essa tentativa não passa disso mesmo, uma tentativa. Um upgrade á forma de agir e de interagir com os outros e com aquilo que me rodeia, está condenada ao fracasso porque dura alguns meses ou semanas, voltando á estaca zero, ou seja, àquilo que eu sou, aquilo que cada um de nós é.
Mas há uma postura que tento seguir, uma "atitude" que não sendo nem melhor nem pior do que outra qualquer, altera aquilo que sou, a forma como me relaciono com os outros e comigo mesmo, que me dá mais forças para vencer as dificuldades e que me permite caminhar do lado positivo da vida,contra tudo e contra alguns.

Este ano comecei a construção do veleiro, este ano expus-me aqui na blogosfera. Não venci o medo, arrumei-o de lado, desviei-o do caminho e segui em frente. Sou um homem diferente de á um ano atrás.
Hoje dia 29 de Dezembro, faço 46 anos e portanto mais de metade da vida expectável cumprida, sinto que está tudo por fazer e é esta a "atitude" que me interessa e que mais define aquilo que sou.
Parabéns Mãe, parabéns Pai (estejas onde estiveres), obrigado á minha família por apoiar e defender os meus projectos, que passam a ser de todos. Obrigado a vocês todos que lêem estas páginas e que com os vossos comentários (talvez sem se aperceberem) alimentam e empurram este sonho para a frente.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Coisas de Natal






O Natal este ano foi diferente para esta(minha) família.
Foi passado com uma amiga,no Algarve e teve direito a praia e esplanada.
A única coisa que não mudou,é a minha intransigência em vestir o fato patrocionado pela coca-cola.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Solsticio do Inverno


O facto de este blogue se chamar; navegar entre as estrelas, significa que mais tarde ou mais cedo se iria falar em estrelas e planetas. È verdade que se pode dar a volta ao mundo num veleiro sem nunca consultar os astros e infelizmente é isso que acontece, a maior parte das vezes. O uso sistemático e fácil do GPS aniquilou quase completamente a necessidade e algum do romantismo que envolve a análise dos astros e toda a panóplia de almanaques , tábuas náuticas e outros complementos que acompanharam todos os navegadores desde o inicio das primeiras "saídas" para o mar até aos nossos dias.
Imagino que por esta altura metade dos leitores destas páginas já terá emigrado para outras paragens, mas para aquela meia-dúzia que insistem em ler isto até ao fim,eu gostaria de dizer alguma coisa acerca do solstício de inverno, que foi no passado dia 21 de Dezembro.
Na verdade o solstício de inverno e o solstício do verão que acontece a 21 de Junho, acontecem devido a dois factores conjugados, que são : a inclinação do eixo da terra e ao facto da órbita da terra em torno do sol ser elíptica o que provoca um gráfico como o que é representado na figura acima ou seja o analema do sol.
Este analema consegue-se, fazendo o registo (regimento) da posição do sol no firmamento num determinado lugar á mesma hora ,em dias sucessivos e ao longo de um ciclo anual.
A figura acima representada parece um 8 mal formado ou um sinal de infinito. As extremidades do 8 serão a declinação mais acentuada do Sol em relação ao equador,sendo o seu valor maior no solstício de inverno (declinação 23 graus 27` Sul) e solstício de verão (declinação 23 graus 27`Norte) .
Sendo o dia 21 de Dezembro o dia mais pequeno,em que o Sol está menos tempo visível, logo a noite é maior. No dia 22 de Dezembro O movimento aparente do Sol irá subir em Latitude e aos poucos e poucos os dias ficarão maiores ,até ao solstício de verão em que atingirá o seu ponto mais a norte (aparente),que será representado no analema pela parte superior do 8.
Embora esta informação esteja incompleta, o objectivo pretendido é apenas fazer com que meia dúzia de pessoas tenham a curiosidade suficiente de questionar estas coisas do cosmos do qual nós todos fazemos parte integrante e que para mim,embora não seja um especialista,são fascinantes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Adriano eu e o outro


Uma pequeníssima amostragem das pinturas da nave principal no primeiro andar.




A semana passada,almoçava com um amigo e colega de trabalho,quando reparei que duas mesas á frente estava também a almoçar o Adriano.Grande Adriano,preto como a escuridão,de riso fácil e rasgado,sempre as mostrar os dentes, brancos como marfim. Sempre o vi assim, de bem com a vida,trabalhador e honesto. Voltámos para as respectivas mesas, ele começou a contar ás filhas que o acompanhavam, histórias de antigamente,eu fiz o mesmo com o Paulo.
Tinha eu 17 anos,a escola não corria bem,nunca tinha chumbado,mas agora que tinha sido "obrigado" a optar por um curso,a escolha revelou-se desajustada. As opções disponíveis eram: saúde (não gosto de ver sangue);letras (era para bétinhos);química (cruzes);electrotecnia (nunca tive jeito) e mecanótecnia que eu ainda não sabia,mas também não era a melhor opção.
6 meses depois, Disse ao meu Pai que queria trabalhar,que eu não gostava daquilo (anos mais tarde,voltei a estudar...letras,pois!),e ele com um grande desgosto lá me arranjou para o mesmo local aonde ele próprio trabalhava-ampliação do Porto de Lisboa,Gare marítima de Alcântara-Rocha Conde de Óbidos.
Fui parar á serralharia, onde conheci o Adriano e outro artista que não me lembro do nome,mas sei que era uma figurinha pitoresca.
Faziamos as maiores tropolias possíveis e imaginárias,não fomos despedidos porque éramos filhos de trabalhadores responsáveis e reconhecidos lá do sitio.
Lembro-me de uma vez,do terceiro artista pegar na máquina de soldar, que era uma "Triodine" trifásica que consumia amperes que davam hoje para 10 máquinas, e começar a soldar,era para treinar,dizia ele, eu, esperto que nem um alho porro, faço sinal ao Adriano e digo-lhe que vou sacar o alicate da massa (o que faz a ligação á terra) e que está ligado á máquina de soldar.
Parece que estou a ver o Adriano com o pepsodente todo arreganhado e acenar que sim,boa ideia.
Então eu baixo-me junto á bancada,agárro-me á dita e com a outra mão assim que toco no alicate da massa para o retirar,apanho um esticão de corrente trifásica "daqueles". Por segundos os meus braços sacodem violentamente e depois sou projectado para trás uns bons 2 ou 3 metros e caio de costas, no meio da oficina com o coração aos pulos.O artista soldador,continua impávido e sereno, porque nem dá por nada. O Adriano, depois do espanto inicial, ri a bom rir,agarrado á barriga e as lágrimas a caírem pela cara abaixo. eu bem me esforçava a explicar que ia morrendo,que os meus braços ainda tremiam,qual quê!.
Quando havia cruzeiros atracados ao cais, almoçávamos á pressa para podermos apreciar as lindas inglesas ou nórdicas ou o que calhasse. Devia de ser uma figurinha curiosa a nossa,rotos e sujos,que nesse tempo lá havia fardas como hoje, a olhar para as camones e a imaginar como é que seria se uma delas,um dia, nos raptasse para dentro do navio e lá íamos nós direitos a...não sei aonde!.
Mais histórias havia para contar, mas não vou alongar mais isto.
È importante salientar que a estação ,no seu interior,é lindíssima.Tem quadros enormes do Almada Negreiros que dão uma dimensão ao espaço incrível.
Fica em Alcântara,nas docas ao lado da "salsa",vale a pena!.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Amesterdão

Um restaurante que originalmente foi outra coisa qualquer que eu agora não me lembro.
Se alguém achar que o tipo tem um vaso á cabeça com uma planta de canabis...é verdade!

Uma das entradas para o famoso "bairro da lanterna vermelha"


Aqui,a certeza do olhómetro bem afinado,espero é que o condutor tenha saído pelo lado do "pendura"







Se alguém reparar que na foto de cima as casas parecem estar fora de nível,pois é verdade! Estacionamento á porta de casa.




Se ampliarem,podem ver ao fundo um característico parque de bicicletas.








No passado recente eu disse algures que a construção da embarcação estava um pouco....atrasada,e um dos motivos tinha sido esta viagem(de trabalho) a Amesterdão ,que juntamente com a sua preparação ,mais o trabalho que há para desenvolver depois,exige algum tempo,que tem a particularidade de não esticar.
Pelo meio também se meteu uma viagem a Barcelona ,á feira náutica,que logo logo,coloco fotos e depois para culminar uma gripe de "caixão á cova" que atirou aqui o ilustre para a cama.
Mas chega de lamurias e o que interessa é que já aqui estão algumas fotos de uma tarde livre a deambular pelas ruas de uma cidade ,acima de tudo...diferente.
E a diferença começa logo no aeroporto,onde depois de aterrar e ainda dentro do avião temos que penar uns bons 15 minutos de pista de obstáculos pelo emaranhado de acesos,curvas e cruzamentos e ,onde não falta a passagem por um viaduto que atravessa uma auto-estrada.
O tempo estava muito cinzento e frio , o que não faz muita justiça a uma terra que gosta de mostrar cores garridas e uma certa alegria de viver e de estar bem com a vida.
Uma tarde,também não chega para nada,ainda por cima o Holandês que insistiu em mostrar-nos a cidade ,não percebia nada de barcos,nem de nada que tivesse a ver com....,portanto significa que apenas os vi ao longe,fora do alcance da objectiva.De qualquer modo penso que nos deve ter calhado o único Holandês que não gosta de barcos,o que para quem vive abaixo do nível do mar,rodeado de canais por todo o lado,é no mínimo estranho,espero que ele nunca precise de gostar á pressa!.
De qualquer modo a imagem de marca de Amesterdão não serão apenas os canais,existe um elemento desconcertante e que existe por todo o lado ,mesmo por todo o lado e que são as bicicletas. Vêm de todas as direcções e sentidos,dentro e fora dos passeios,em cruzamentos sem nexo fazendo tangentes entre si e com os transeuntes.È difícil para quem não esta habituado não chegar a casa com o traço de uma roda 21 "imprimida"nas costas.Só á minha conta ia conseguindo emaranhar um cruzamento inteiro,foi varias vezes por um triz!.Disseram-me que todos os anos têm que limpar os canais para retirar as biclas que vão fazendo mergulho...com ou sem tripulante...não sei!.
O "Red light district" é uma coisa do outro mundo.Pensava eu que ia encarar a "cena" de uma forma natural e descomplexada,mas,não é bem assim.Na verdade não será normal ver mulheres pouco vestidas em poses provocantes colocadas em montras a chamar os homens,mas o que me fez mais impressão é que por detrás das meninas via-se a cama,o bidé e alguns artigos de higiene intima.Outro pormenor que eu não sabia é que a maior parte das vezes é a própria montra que se abre para deixar entrar o cliente e a privacidade é garantida com o correr de uma cortina!!. Para um lisboeta que tem a mania de que já viu muita coisa,de mãos nos bolsos e assobio fácil ,com ar de gingão (eu),confesso que não me senti á vontade com este voyeurismo descarado e aberrante.Sempre achei que existiria um qualquer bom gosto ,ou se quiserem,a melhor abordagem possível da prostituição,um lado bom ou menos mau da prostituição.Mas não,de ambos os lados das montras o espectáculo não é bonito de se ver.
Para quem possa e queira ir,é de certeza um destino que merece uma visita mais demorada,é um pais muito á frente e nada tem a vêr com os povos do sul e latinos,para o bem e para o mal são...diferentes desta Europa que conheçemos.