terça-feira, 17 de novembro de 2009

Primeira circum-navegação

Não vou fazer um relato da viagem de Fernão de Magalhães, nem da sua vida e obra. Essa é uma questão bastante estudada e com muita informação na net. Vou concentrar a ideia "apenas" na consequencia dessa viagem, que resultou na primeira circum-navegação conhecida e muito bem relatada por Antonio Pigafetta.

" A 6 de Setembro de 1522, um navio escalavrado surgiu no horizonte perto do porto de Sanlúcar de Barrameda, em Espanha.
Quando o navio se aproximou, as pessoas que se tinham juntado na praia repararam que as velas esfarrapadas voluteavam na brisa, que o cordame apodrecera, que o sol lhe descolorara as cores e que as tempestades lhe tinham retirado os costados. Um pequeno barco -piloto foi despachado para guiar o estranho navio por entre os recifes até ao porto. (...) A embarcação que guiavam (...) vinha munida de uma tripulação esquelética de apenas 18 marinheiros e três cativos, todos eles em grave estado de mal-nutrição. À maioria faltava forças para andar ou até falar. Tinham as línguas inchadas e os corpos estavam cobertos de furúnculos dolorosos. O capitão tinha morrido , tal como os oficiais, os contra -mestres e os pilotos; de facto, quase toda a tripulação tinha parecido.
(....) O Victória, começou com lentidão a singrar pelo rio Guadalquivir, suavemente sinuoso, em direcção a Sevilha, a cidade da qual partira três anos antes. (...) O Victoria era um navio de mistério e todos os rostos descarnados no tombadilho estavam repletos dos segredos sombrios de uma viagem prolongada a terras desconhecidas.
(...) Viajando para Ocidente até chegarem ao oriente e continuando depois a navegar na mesma direcção, tinham concretizado uma ambição tão antiga quanto a imaginação humana, a primeira circum-navegação do globo".

Juan Sebastien Elcano Capitão
Francisco Albo Piloto
Miguel de Rodas Mestre
Juan de Acurio Contramestre
Martin de Judicibus Marujo
Hernando de Bustamente Barbeiro
Hans de Aachen Artilheiro
Diego Carmona Marujo
Nicolau, o Grego, de Nápoles Marujo
Miguel Sanchez, de Rodas Marujo
Francisco Rodrigues Marujo
Juan Rodrigues de Huelva Marujo
António Hernandez Colmenero Marujo
Juan de Arratia Marujo
Juan de Santandres Marinheiro de 3ª classe
Vasco Gomes Gallego marinheiro de 3ª classe
Juan de Zubileta Pagem
António Pigafetta Passageiro (escritor)

Estes foram os sobreviventes de um total de 260 homens, incluindo o Capitão Fernão de Magalhães. Na verdade o primeiro homem a circundar o planeta foi Henrique o escravo de Magalhães que ao chegar ás Filipinas tinha precisamente chegado á sua terra natal de onde provavelmente tinha sido raptado por caçadores de escravos de Samatra.

Nenhum dos sobreviventes recebeu qualquer compensação pela viagem de 3 anos que fizeram em nome do Rei de Espanha e apenas anos mais tarde o seu valor foi reconhecido. Provaram que a terra era redonda e maior do que os sábios julgavam (cerca de 11000 km).

Depois da morte de Fernão de Magalhães às mãos de Lapu Lapu em Mactan, foi notável a viagem sem escalas empreendida por Juan Sebastian Elcano , que foi obrigado a contornar todo o continente Africano e "subir" para a Europa por uma rota desfavorável para evitar encontros com os navios portugueses.

As informações são muitas e rigorosas, devido ao trabalho notável de Pigafetta que fez o favor de sobreviver e mais tarde publicar um livro que eu mesmo tenho que encontrar.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bernard Moitessier



Já algum tempo que penso em iniciar uma viagem por aqueles que inspiram e inspiraram milhares de navegadores e solitários dos mares. Aqueles que seguindo o cheiro da maresia evocam o direito á liberdade.
" O seu barco chamáva-se "Joshua", um nome evocador de 46.000 milhas de aventuras, um nome mítico para um robusto Ketch em aço, com 12.07 m de comprimento e 3.68 m de boca. Bernard Moitessier, sem dúvida alguma, foi o filho espiritual de Joshua Slocum. E pai de uma multidão de aventureiros, de libertários, de não-conformistas do mar, de vagabundos dos brandais. As suas lendárias viagens são conhecidas de todos os marinheiros, os seus escritos, especialmente " A longa rota", juntaram-se a "Sozinho á volta do mundo num veleiro de onze metros", do seu venerável antecessor, (Joshua) na biblioteca de bordo, por cima da mesa de cartas. Penetrar no universo de Moitessier é entrar numa religião multiteista onde o vento, o mar e os astros são deuses, a lua uma deusa, de quem os homens nos seus barcos são os únicos fiéis. Partir com Moitessier é alterar o rumo durante a viagem, é arriscar-se a não regressar. Aviso aos amadores."
Nasceu na Indochina em 1925, nascido numa família de emigrantes, era uma criança turbulenta. Pouco atraído pela profissão do pai iniciou as primeiras navegações no golfo do Sião, com os pescadores asiáticos. Jovem, com convicções, foi aprisionado pelos japoneses durante a segunda guerra Mundial, por ter içado a bandeira francesa na varanda.
Durante a guerra da Indochina foi desmobilizado da marinha porque confessou-se incapaz de disparar a sangue-frio contra o inimigo. Navegou em Juncos (barcos tradicionais chineses). Comprou um Ketch (veleiro de dois mastros) de 12 metros que mal flutuava e acabou por se afundar de velhice. Depois de varias viagens iniciáticas com o "marie Thérese " voltou a França e vivendo de alguns trabalhos difíceis, mandou construir o "Joshua", os mastros eram postes telegráficos aproveitados, já que as condições não permitiam outro material.
Nova partida, desta vez acompanhado por Françoise, percorreram as Antilhas, entraram no pacifico pelo canal do Panamá e instalaram-se em Taiti numa outra vida, num outro mundo, até ao dia de 1966 em que o regresso foi decidido e realizado de uma só tirada, de Taiti a Alicante.
A travessia de 14.000 milhas sem escala, foi saudada com o merecido valor pelo público e pela imprensa que despertava para a vela de cruzeiro. Publicou então o "Cabo Horn á vela" que obteve bastante sucesso, estava lançada a lenda do vagabundo dos mares.
Durante o inverno de 1968, Bernard, recebeu a visita de um emissário do Sunday Times, que estava a organizar uma regata á volta do mundo em solitário e sem escalas e fazia questão absoluta da presença do navegador francês na linha de largada. O primeiro navegador a entrar no porto de origem receberia um globo de ouro e 5.000 libras esterlinas.
Moitessier, o nómada que imaginara a sua própria volta ao mundo sem condições, começou por recusar o conceito de uma regata. Acabou por aceitá-la e cortou a linha de largada a em Plymouth, em 22 de Agosto de 1968, não sem ter recusado embarcar um posto emissor oferecido pelo Sunday Times a quem devia, não obstante, dar a conhecer regularmente a sua posição e transmitir reflexões, filmes ou fotografias, por todos os meios ao seu alcance.
Rumou ao Cabo da Boa Esperança, empurrado por uma bela brisa. Ventos muito fortes sucederam-se até ao Cabo, onde o Joshua se deixou abalroar por um cargueiro sem consequencias de maior. O Indico recebeu a embarcação com os seus lendários humores. Deitado com violência, a sul do farol das agulhas, o valente Ketch endireitou-se corajosamente, contrariamente ao moral do seu comandante que tanto subia na crista da vaga como mergulhava na espuma!
"Viver com o mar, viver com as aves, viver com o presente, saber que tudo se resolve com o tempo(...)" Bernard sentia a depressão do solitário. Só uma gralha domesticada lhe fazia por vezes companhia.
Navegava havia 4 meses quando confiou um novo pacote com noticias a pescadores do Sul da Tansmânia. Brevemente o Pacifico abriria as portas ao navegador solitário e lhe oferecia uma amostra do que era capaz. O cabo Horn, severo guardião do Atlântico, deixou-se atravessar obedientemente.
Moitessier, empreendeu calmamente a Ascenção para norte, rumo a uma vitória e á gloria que lhe estendia os braços em Plymouth. Mas partir de Plymouth para regressar a Plymouth transformou-se," com o correr do tempo, em partir de nenhum lugar para ir para lugar nenhum".
Repentinamente veio a decisão, aquela que, aos poucos, se vinha forjando naquele homem só com o seu barco,"com o mar imenso só para eles", Abandonou a regata e rumou a Este, rejeitando definitivamente um regresso impensável á civilização. Foi a 28 de Junho de 1969.
" Contudo, Deus sabe que amo os meus filhos. Mas todas as crianças do mundo se tornaram meus filhos e é de tal modo maravilhoso que gostaria que eles pudessem senti-lo como eu sinto(...). Como dizer-lhes que os barulhos da água, os barulhos do silêncio e das bolhas de espuma sobre o mar, são como os barulhos da pedra e do vento? E que isso me ajudou a escolher a minha rota. Como dizer-lhes que elas me conduzem para a verdadeira terra? Dizer-lhes isso sem que sintam medo, sem que pensem que fiquei louco."
..." E apresento queixa contra o Mundo moderno; é ele o monstro. Destroi a nossa terra, amarfanha a alma dos homens."
Textos extraídos , alterados e adaptados do livro" O Grande Livro Da Vela, aventura e prática da navegação de Michel Deshors.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Será normal?

Hoje, como algumas outras vezes em que tenho de ir para os lados de Cascais ou Carcavelos, procuro fazer uma paradinha na marina de Oeiras. Porque foi lá que tirei a carta de Patrão de alto mar e portanto conheço gente que vive nos barcos, como por si só, gosto do local e do ambiente.
O que eu não sabia é que o parque de estacionamento tinha parquímetros e então quando começo a andar com o dito, reparo num pequeno papel a esvoaçar no pára-brisas, pensei logo....mais um cheque a pagar para a emel ou outra coisa qualquer com outro nome, então quando reparo no pequeno papel levo com uma pequena surpresa, digam lá se isto é inédito ou não!.

....." O seu veiculo encontra-se estacionado na rua- praia da Torre. O estacionamento é de duração limitada e o parqueamento está sujeito ao pagamento de uma taxa.
Solicitamos que obtenha o seu titulo de estacionamento e o coloque no tablier da sua viatura por forma a ser visível a sua leitura.

Pedimos a V.Ex. a melhor atenção para a situação indicada, de forma a evitar qualquer sanção, que a acontecer muito lamentamos".

Ainda tinha a matricula da viatura a data e a hora da ocorrência. E esta hem!?

Juro que nunca mais estaciono naquele lugar sem pagar, os homens não merecem!

Nesta sociedade moderna(!) em que metade das coisas são proibidas e a outra metade são obrigatórias, em que nos sentimos constantemente...extorquidos, roubados, chupados enxovalhados até á medula, senti que este pequeno bilhete merecia um post á altura, será que há esperança??!!.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Multichine 45




È esta a "pequena" alteração ao desenho original. Preferi abdicar da plataforma de banhos estática e permanente e criar um painel de popa que ao abrir vai criar uma plataforma de banhos também. A principal vantagem é que ganhei um espaço imenso que serve para arrumar muita coisa. A desvantagem é que perco o aceso á água imediato. O pessoal do escritório do Roberto Barros que me perdoe a heresia.











Estas fotos foram retiradas do site do estaleiro- Metallic Boats-. Mostram bem a popa original, com uma grande plataforma de banhos e um acesso fácil, tanto da água á plataforma , como desta ao convés do barco. Este aceso fácil á água é uma excelente ideia quando estamos numa zona em que a temperatura da água é de 28 graus, pelo menos para mim!
E já agora o que é que acham da cor deste veleiro de nome "Bravo" e que por acaso está á venda?