quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Eu sei que a linha do horizonte devia de estar direita.
Talvez seja boa ideia começar a usar um tripé.


No inicio, quando iniciei a construção do veleiro algumas pessoas tentaram dissuadir-me. Não me refiro á minha família, que teria bons motivos para o fazer,não, refiro-me a pessoas que eu mal conheço ou, que nem conheço de todo, alguns até já tinham construído antes de mim.
....."A tripulação estava cansada, não que a tirada realizada de Sagres até Sesimbra fosse alguma coisa de especial, na verdade, o mar de azeite (sem nenhuma ondulação) que nos acompanhou, tirou qualquer sentido na navegação á vela e o motor foi rei, demasiadas horas a ouvir o rec-rec característico dos motores pouco rotativos.
A noite estava com uma escuridão muito carregada, até um pouco estranha, olho para o céu á procura da lua, não a encontro logo á primeira, parecia que estava escondida pela sua sombra(!), estranho. Chamo a atenção do resto da tripulação e sem muita convicção arrisco um eclipse. Alguém ri e chovem logo argumentos e justificações que é melhor nem colocar aqui, pois que na verdade, soube mais tarde...era um eclipse.
Esquecemos a lua e fixámos a atenção na quantidade de pontos luminosos que surgiam á proa, Sesimbra. Vou muitas vezes a Sesimbra, por vezes, dias seguidos de praia congestionada e transito caótico, com a falta de simpatia dos sesimbrenses a não ajudar nada,mas mesmo assim gosto daquela terra. Mas agora estava a entrar pelo mar e de noite o encanto é outro.
Havia festa na praia, um concerto de musica Brasileira, os diversos projectores do espectáculo mais a iluminação de rua dificultavam a visualização das "luzes" que nos interessavam e que conduzem á aproximação em segurança á marina.
Já dentro do molhe de protecção, procuramos um lugar disponível para passar a noite,não há! diz-nos com maus modos o segurança do lugar. Mesmo assim não arredamos barco, tentamos "aquele" lugar...não! é a resposta....e aquele ali,não! não há lugares,têm que ir embora! esse lugar está vago mas pertence á marítimo- turística e eles saem logo ás o6.30 da manhã ,não há lugares!. O tipo afasta-se e entre os pilares de cimento ouve-se uma voz....não liguem,eles só aparecem para ir para a pesca lá para as 07.30, se saírem mais cedo não incomodam ninguém. Nem foi preciso dizer duas vezes,depois das amarrações feitas comecei a falar com o tipo.
Estava ali á noite a pescar e tinha também um veleiro em aço na marina, apontou-me qual era, reconheci imediatamente uma construção amadora (não porque estivesse mal feito,pelo contrário,mas porque aquele modelo é quase especifico para esse fim). Expliquei que ia iniciar a construção de um veleiro também, pois a partir desse momento a tentativa do individuo foi tentar que eu desistisse da obra. Foi incrível os argumentos que ele utilizou para que eu mudasse de ideias, cheguei ao ponto de olhar para ele e dizer olhos nos olhos que era irreversível a decisão e afastei-me daquela má influencia.
Enervado, logo ali assumi uma postura diferente para o futuro, ninguém mais ia ter a possibilidade de me tentar "dar a volta", porque da próxima vez iria responder torto. E no que eu pudesse, iria ajudar na medida do possível, todos os construtores que descobrisse a partir desse momento.
Na verdade eu gosto de pedir conselhos, das pessoas que sabem mais do que eu, recebi muitas dicas. De quem já fabricou recebo orientações gerais, de quem anda no mar (J.V.)recebi uma longa exposição do que será ou seria a embarcação ideal e o especial cuidado a ter com o "romantismo" natural destas coisas e principalmente apoio e força para continuar e terminar. De outros recebi negativismo e frustrações, impossíveis misturados com dificuldades, para esses o meu desprezo, em simultâneo com o dedo médio bem esticado no ar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Domingo soalheiro

A ponte de Vila Franca de Xira ao longe.

Há uns dias atrás o mau tempo deu umas tréguas o que resultou num domingo sereno.
Parece que os ânimos já serenaram em terra, com a troca de direcções e amigos que deixaram de o ser.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

No centro do vale

Para o meu lado direito é esta a "vista". Tendo em atenção que do cimo desta colina, que não se vê muito bem, se consegue visualizar todo o estuário do Tejo até á ponte 25 de Abril,não me parece nada mau.
No cimo desta pequena colina existe uma igreja minúscula,aqui tão perto e nunca lá fui.




Num momento de descanso e contemplação reparei que mesmo com o tempo cinzento e chuvoso tenho sorte em estar aqui.Esta é a vista para a minha esquerda á porta do armazém.

Multichine 45 IV


Eu sei,muitos vão achar que a construção não avançou,que está tudo na mesma,mas não está. Enquanto eu ia lendo por ai as aventuras da passagem de ano de cada um, das noites passadas na borga ou em aventuras mais ou menos pacificas,eu fui passando estes dias de volta da máquina de soldar e da rectificadora.Na verdade, não me estou a queixar,eu prefiro assim e penso que também não podia ser de outra forma.