terça-feira, 11 de novembro de 2008

Luiza


A partir do momento em que admiti a hipótese de talvez um dia eu tambem partir á aventura ,que comecei a tentar saber mais do que era realmente a vida a bordo por esse mundo fora.As historias são mais ou menos abundantes.Famílias ,com ou sem filhos,pequenos ou crescidos,famílias que aumentaram a bordo.Pessoas incógnitas no seu dia a dia e que se transformaram em heróis sofredores,ou em loucos e vagabundos sem pátria conforme o ponto de vista.
O que é que faz uma família inteira abandonar a vida que conhece desde sempre e partir por ai?.O que é que os motiva?.Na verdade, em comum a todos eles havia e há um misto de poesia ou se desejarem ,romantismo mais ou menos filosófico,parece haver uma procura de qualquer coisa intensa que os faz desistir de tudo o que conhecem e embarcar no desconhecido e no perigoso.
Uma dessas famílias que eu conheci no deambular normal por blogues e sites é a família Passow.
Saíram do Brasil em 2002 e deixaram para trás tudo,a família,os empregos ,a casa,os amigos a educação dos filhos e também as frustrações o stress a rotina o futuro mediano e pré-estabelecido ou quase.
As coisas não correram bem no inicio,a adaptação não foi fácil,o romantismo e o sonho de uma vida idílica não surgem de mão beijada,tem de ser suada e depois conquistada, ou não.
A verdade é que eu desde o inicio gostei da postura destas pessoas.A Jane na sua narrativa fluída e simples foi dando uma perspectiva honesta da situação.Não teve problemas em admitir o fracasso que se transformou em vitoria quando a família após um largo período regressou ao barco.Comentou as dificuldades e angustias como poucos o fizeram.Fez o relato da sobrevivência .Simultaneamente fez o relato da viagem que ia prosseguindo,dos empregos que tinham que ter em cada porto,dos pães que tinham que cozer para vender a quem os quisesse.
Eu assisti a isto tudo lá da minha poltrona.Muitas vezes as noticias eram escassas ou separadas por muitos dias,mas religiosamente eu ia assistindo á transformação e adaptação que todos eles fizeram a uma vida que era agora,nos dias de hoje,o resultado bem sucedido de uma opção diferente.
No entanto toda a harmonia e adaptação que a família Passow desenvolveu ao longo destes anos ,foi bruscamente interrompida há cerca de duas semanas, quando numa viagem em solitário das Canárias para a Florida o" Luiza "foi abalroado por um cargueiro de bandeira grega e naufragou.
Os seus únicos ocupantes Fernando e a cadela "Pandora"foram salvos pelo cargueiro que os abalroou e transportados para os EUA que era precisamente o destino de ambos.
Sei que o Fernando está bem,em recuperação e bem tratado e não sei mais nada.
Na altura foi-me pedido segredo,foi respeitado,mas não sei mais nada.
Não faço ideia como é que vão reagir a esta situação.Fernando e pandora escaparam por milagre,muitas vezes nestas situações os oficiais da ponte nem dão conta que acabaram de participar numa tragédia e seguem o seu rumo indiferentes ao que os rodeia umas dezenas de metros la em baixo.
Não sei como é que a família vai ultrapassar esta fase difícil,sempre o fizeram da melhor maneira acredito que agora não será diferente.

12 comentários:

Anónimo disse...

Uma história triste, sem dúvida.
Não percebo nada do mar, mas não é esquisito como tantos cargueiros levam pela frente embarcações de recreio?

DML disse...

ap

As diferencas de tamanho....

Como dizem os espanhois "mala suerte"
Espero que deem a volta por cima

Abraco

Ana Camarra disse...

Conde

Eu acho que consigo perceber o apelo de uma aventura dessas, muitas vezes penso que seria o ideal, embora de facto não seja muito prático.
O que contas é brutal, aflitivo, espero que estejam bem, o "Luiza" ficou irremediavelmente perdido?
Entre barcos, pelos vistos a arrogancia dos grandes pode ser o aniquilar dos penquenos, como em tantas coisas na vida.

beijos

Rui Silva disse...

ap,

acontece muitas vezes,esntre a malta dos barcos diz-se que :o plastico (fibra)desvia-se da madeira e ambos do ferro.Se a isto a crescentar-mos o tamanho esta tudo dito.

dml,

bem vindo de volta ,eu tambem espero.

ana,

o luiza foi para o fundo a 300 milhas das Bahamas.È definitivo.

Sunshine disse...

Entre as história que até agora partilhaste essa é sem dúvida bastante triste.

Espero que a força demonstrada por essa família consiga ultrapassar esses acontecimentos e voltem a ter um barco e viver como gostam.

Bjs

Gosto muito desta vertente do blogue.

_+*Ælitis*+_ disse...

Que memorias não tenho eu de viagens de barco...

Beijo meu ♥,

A Elite

Rafeiro Perfumado disse...

Eu que me tenho em conta de aventureiro considero isso demasiado para a minha trotinete... Abraço!

Gata Verde disse...

Que pena esta aventura ter terminado assim, mas o que importa é terem sobrevivido.

beijinhos

Rui Silva disse...

Sunshine,

Farão de certeza a melhgor opção.

a elite em paris,

Sendo de uma ilha,parece-me que terás algumas historias para contar.Já tinha pensado nisso.

Rafeiro,

o retorno está á altura da dificuldade.

Gata verde,

Tenho a impressão que eles voltariam a ter a mesma opção de vida se voltassem atras.

Ana Rocha disse...

Conde,

Não sei muito bem o que dizer...

A verdade é qd seguimos os nossos sonhos e não conseguimos concretiza-los na sua plenitude é muito frustante!

E esta familia tem que ter realmente muita força para voltar á tona

Abraço

Rui Silva disse...

Ana Rocha,

Bem vinda.È verdade,estão a recomeçar abaixo de zero.

Anónimo disse...

Oi Rui!!!

Muitissimo obrigada por ter dedicado palavras tao bonitas para a nossa familia e o grande respeito pelos mais recentes acontecimentos com nosso veleiro, Fernando e Pandora.

Logo colocarei na nossa web
www.familiapassow.com
os detalhes do acidente.

Grande abraco e obrigada mais uma vez, por tudo.