segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Este dia,29 de Dezembro, tem sido sempre, um dia de introspecção. Mais do que o final do ano que quase coincide, neste dia, obrigo-me a um balanço. Passado um ano desde o ultimo 29 de Dezembro, interessa-me mais equacionar o que fiz e não fiz, do que se fiz bem ou mal. Se podia ter sido melhor Pai, melhor marido ou melhor filho, é claro que sim, agi como sou, com as virtudes e os defeitos como toda a gente. Até posso fazer um esforço, limar arestas e tentar avançar no sentido da perfeição. A verdade é que essa tentativa não passa disso mesmo, uma tentativa. Um upgrade á forma de agir e de interagir com os outros e com aquilo que me rodeia, está condenada ao fracasso porque dura alguns meses ou semanas, voltando á estaca zero, ou seja, àquilo que eu sou, aquilo que cada um de nós é.
Mas há uma postura que tento seguir, uma "atitude" que não sendo nem melhor nem pior do que outra qualquer, altera aquilo que sou, a forma como me relaciono com os outros e comigo mesmo, que me dá mais forças para vencer as dificuldades e que me permite caminhar do lado positivo da vida,contra tudo e contra alguns.

Este ano comecei a construção do veleiro, este ano expus-me aqui na blogosfera. Não venci o medo, arrumei-o de lado, desviei-o do caminho e segui em frente. Sou um homem diferente de á um ano atrás.
Hoje dia 29 de Dezembro, faço 46 anos e portanto mais de metade da vida expectável cumprida, sinto que está tudo por fazer e é esta a "atitude" que me interessa e que mais define aquilo que sou.
Parabéns Mãe, parabéns Pai (estejas onde estiveres), obrigado á minha família por apoiar e defender os meus projectos, que passam a ser de todos. Obrigado a vocês todos que lêem estas páginas e que com os vossos comentários (talvez sem se aperceberem) alimentam e empurram este sonho para a frente.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Coisas de Natal






O Natal este ano foi diferente para esta(minha) família.
Foi passado com uma amiga,no Algarve e teve direito a praia e esplanada.
A única coisa que não mudou,é a minha intransigência em vestir o fato patrocionado pela coca-cola.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Solsticio do Inverno


O facto de este blogue se chamar; navegar entre as estrelas, significa que mais tarde ou mais cedo se iria falar em estrelas e planetas. È verdade que se pode dar a volta ao mundo num veleiro sem nunca consultar os astros e infelizmente é isso que acontece, a maior parte das vezes. O uso sistemático e fácil do GPS aniquilou quase completamente a necessidade e algum do romantismo que envolve a análise dos astros e toda a panóplia de almanaques , tábuas náuticas e outros complementos que acompanharam todos os navegadores desde o inicio das primeiras "saídas" para o mar até aos nossos dias.
Imagino que por esta altura metade dos leitores destas páginas já terá emigrado para outras paragens, mas para aquela meia-dúzia que insistem em ler isto até ao fim,eu gostaria de dizer alguma coisa acerca do solstício de inverno, que foi no passado dia 21 de Dezembro.
Na verdade o solstício de inverno e o solstício do verão que acontece a 21 de Junho, acontecem devido a dois factores conjugados, que são : a inclinação do eixo da terra e ao facto da órbita da terra em torno do sol ser elíptica o que provoca um gráfico como o que é representado na figura acima ou seja o analema do sol.
Este analema consegue-se, fazendo o registo (regimento) da posição do sol no firmamento num determinado lugar á mesma hora ,em dias sucessivos e ao longo de um ciclo anual.
A figura acima representada parece um 8 mal formado ou um sinal de infinito. As extremidades do 8 serão a declinação mais acentuada do Sol em relação ao equador,sendo o seu valor maior no solstício de inverno (declinação 23 graus 27` Sul) e solstício de verão (declinação 23 graus 27`Norte) .
Sendo o dia 21 de Dezembro o dia mais pequeno,em que o Sol está menos tempo visível, logo a noite é maior. No dia 22 de Dezembro O movimento aparente do Sol irá subir em Latitude e aos poucos e poucos os dias ficarão maiores ,até ao solstício de verão em que atingirá o seu ponto mais a norte (aparente),que será representado no analema pela parte superior do 8.
Embora esta informação esteja incompleta, o objectivo pretendido é apenas fazer com que meia dúzia de pessoas tenham a curiosidade suficiente de questionar estas coisas do cosmos do qual nós todos fazemos parte integrante e que para mim,embora não seja um especialista,são fascinantes.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Adriano eu e o outro


Uma pequeníssima amostragem das pinturas da nave principal no primeiro andar.




A semana passada,almoçava com um amigo e colega de trabalho,quando reparei que duas mesas á frente estava também a almoçar o Adriano.Grande Adriano,preto como a escuridão,de riso fácil e rasgado,sempre as mostrar os dentes, brancos como marfim. Sempre o vi assim, de bem com a vida,trabalhador e honesto. Voltámos para as respectivas mesas, ele começou a contar ás filhas que o acompanhavam, histórias de antigamente,eu fiz o mesmo com o Paulo.
Tinha eu 17 anos,a escola não corria bem,nunca tinha chumbado,mas agora que tinha sido "obrigado" a optar por um curso,a escolha revelou-se desajustada. As opções disponíveis eram: saúde (não gosto de ver sangue);letras (era para bétinhos);química (cruzes);electrotecnia (nunca tive jeito) e mecanótecnia que eu ainda não sabia,mas também não era a melhor opção.
6 meses depois, Disse ao meu Pai que queria trabalhar,que eu não gostava daquilo (anos mais tarde,voltei a estudar...letras,pois!),e ele com um grande desgosto lá me arranjou para o mesmo local aonde ele próprio trabalhava-ampliação do Porto de Lisboa,Gare marítima de Alcântara-Rocha Conde de Óbidos.
Fui parar á serralharia, onde conheci o Adriano e outro artista que não me lembro do nome,mas sei que era uma figurinha pitoresca.
Faziamos as maiores tropolias possíveis e imaginárias,não fomos despedidos porque éramos filhos de trabalhadores responsáveis e reconhecidos lá do sitio.
Lembro-me de uma vez,do terceiro artista pegar na máquina de soldar, que era uma "Triodine" trifásica que consumia amperes que davam hoje para 10 máquinas, e começar a soldar,era para treinar,dizia ele, eu, esperto que nem um alho porro, faço sinal ao Adriano e digo-lhe que vou sacar o alicate da massa (o que faz a ligação á terra) e que está ligado á máquina de soldar.
Parece que estou a ver o Adriano com o pepsodente todo arreganhado e acenar que sim,boa ideia.
Então eu baixo-me junto á bancada,agárro-me á dita e com a outra mão assim que toco no alicate da massa para o retirar,apanho um esticão de corrente trifásica "daqueles". Por segundos os meus braços sacodem violentamente e depois sou projectado para trás uns bons 2 ou 3 metros e caio de costas, no meio da oficina com o coração aos pulos.O artista soldador,continua impávido e sereno, porque nem dá por nada. O Adriano, depois do espanto inicial, ri a bom rir,agarrado á barriga e as lágrimas a caírem pela cara abaixo. eu bem me esforçava a explicar que ia morrendo,que os meus braços ainda tremiam,qual quê!.
Quando havia cruzeiros atracados ao cais, almoçávamos á pressa para podermos apreciar as lindas inglesas ou nórdicas ou o que calhasse. Devia de ser uma figurinha curiosa a nossa,rotos e sujos,que nesse tempo lá havia fardas como hoje, a olhar para as camones e a imaginar como é que seria se uma delas,um dia, nos raptasse para dentro do navio e lá íamos nós direitos a...não sei aonde!.
Mais histórias havia para contar, mas não vou alongar mais isto.
È importante salientar que a estação ,no seu interior,é lindíssima.Tem quadros enormes do Almada Negreiros que dão uma dimensão ao espaço incrível.
Fica em Alcântara,nas docas ao lado da "salsa",vale a pena!.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Amesterdão

Um restaurante que originalmente foi outra coisa qualquer que eu agora não me lembro.
Se alguém achar que o tipo tem um vaso á cabeça com uma planta de canabis...é verdade!

Uma das entradas para o famoso "bairro da lanterna vermelha"


Aqui,a certeza do olhómetro bem afinado,espero é que o condutor tenha saído pelo lado do "pendura"







Se alguém reparar que na foto de cima as casas parecem estar fora de nível,pois é verdade! Estacionamento á porta de casa.




Se ampliarem,podem ver ao fundo um característico parque de bicicletas.








No passado recente eu disse algures que a construção da embarcação estava um pouco....atrasada,e um dos motivos tinha sido esta viagem(de trabalho) a Amesterdão ,que juntamente com a sua preparação ,mais o trabalho que há para desenvolver depois,exige algum tempo,que tem a particularidade de não esticar.
Pelo meio também se meteu uma viagem a Barcelona ,á feira náutica,que logo logo,coloco fotos e depois para culminar uma gripe de "caixão á cova" que atirou aqui o ilustre para a cama.
Mas chega de lamurias e o que interessa é que já aqui estão algumas fotos de uma tarde livre a deambular pelas ruas de uma cidade ,acima de tudo...diferente.
E a diferença começa logo no aeroporto,onde depois de aterrar e ainda dentro do avião temos que penar uns bons 15 minutos de pista de obstáculos pelo emaranhado de acesos,curvas e cruzamentos e ,onde não falta a passagem por um viaduto que atravessa uma auto-estrada.
O tempo estava muito cinzento e frio , o que não faz muita justiça a uma terra que gosta de mostrar cores garridas e uma certa alegria de viver e de estar bem com a vida.
Uma tarde,também não chega para nada,ainda por cima o Holandês que insistiu em mostrar-nos a cidade ,não percebia nada de barcos,nem de nada que tivesse a ver com....,portanto significa que apenas os vi ao longe,fora do alcance da objectiva.De qualquer modo penso que nos deve ter calhado o único Holandês que não gosta de barcos,o que para quem vive abaixo do nível do mar,rodeado de canais por todo o lado,é no mínimo estranho,espero que ele nunca precise de gostar á pressa!.
De qualquer modo a imagem de marca de Amesterdão não serão apenas os canais,existe um elemento desconcertante e que existe por todo o lado ,mesmo por todo o lado e que são as bicicletas. Vêm de todas as direcções e sentidos,dentro e fora dos passeios,em cruzamentos sem nexo fazendo tangentes entre si e com os transeuntes.È difícil para quem não esta habituado não chegar a casa com o traço de uma roda 21 "imprimida"nas costas.Só á minha conta ia conseguindo emaranhar um cruzamento inteiro,foi varias vezes por um triz!.Disseram-me que todos os anos têm que limpar os canais para retirar as biclas que vão fazendo mergulho...com ou sem tripulante...não sei!.
O "Red light district" é uma coisa do outro mundo.Pensava eu que ia encarar a "cena" de uma forma natural e descomplexada,mas,não é bem assim.Na verdade não será normal ver mulheres pouco vestidas em poses provocantes colocadas em montras a chamar os homens,mas o que me fez mais impressão é que por detrás das meninas via-se a cama,o bidé e alguns artigos de higiene intima.Outro pormenor que eu não sabia é que a maior parte das vezes é a própria montra que se abre para deixar entrar o cliente e a privacidade é garantida com o correr de uma cortina!!. Para um lisboeta que tem a mania de que já viu muita coisa,de mãos nos bolsos e assobio fácil ,com ar de gingão (eu),confesso que não me senti á vontade com este voyeurismo descarado e aberrante.Sempre achei que existiria um qualquer bom gosto ,ou se quiserem,a melhor abordagem possível da prostituição,um lado bom ou menos mau da prostituição.Mas não,de ambos os lados das montras o espectáculo não é bonito de se ver.
Para quem possa e queira ir,é de certeza um destino que merece uma visita mais demorada,é um pais muito á frente e nada tem a vêr com os povos do sul e latinos,para o bem e para o mal são...diferentes desta Europa que conheçemos.

domingo, 30 de novembro de 2008

Parabéns


A minha filha mais velha faz hoje 9 anos,é a menina mais linda do mundo.Tenho mais uma menina que também é a mais linda do mundo e mais um pirralho pequeno também o mais lindo do mundo.
E desejo para eles assim como para as outras meninas e meninos mais lindos do mundo....um mundo melhor!um mundo que lhes dê uma chance de serem felizes.

domingo, 23 de novembro de 2008

Palmerston






Finalmente consegui saber o nome da tal ilha que tanta curiosidade despoletou entre a "multidão" que vai lendo estes textos.
Chama-se Palmerston ,tem apenas 11 km Quadrados de área e é considerado desabitado(!) pela wikipedia.Faz parte de um conjunto de 15 ilhas que no seu conjunto são conhecidas pelas ilhas Cook,sendo a capital Rarotonga.São associadas á Nova Zelandia desde 1965 mantendo no entanto uma estrutura politica própria.
Não consegui instalar o Google Earth (não percebi a razão) e portanto não tenho a informação das coordenadas geográficas , mas como o fuso é -10 UTC (10 horas de diferença horária em relação a Greenwich que é fuso O) e como cada fuso representa 15 graus na longitude tanto para este como para oeste,significa que as ilhas Cook ficam longe como o raio,quase no nosso antipoda
(oposto).
Na busca que fiz encontrei um relato da tripulação do veleiro Brasileiro Guardian que afirma basicamente o que já foi aqui descrito pelo comandante Ricardo e pela Claudia do Bravo,mas vai mais longe e dizem eles que a hospitalidade deste povo é tão grande que os homens "oferecem"as suas mulheres aos visitantes em prol da amizade e de modo a expressar a sua alegria e acolhimento aos visitantes.
Estou já a prever qual será o teor dos comentários da ala masculina cá do sitio,e eu antecipadamente estou pronto a concordar com tudo (!).
P.S. as fotos foram retiradas do site do" Guardian"

terça-feira, 18 de novembro de 2008



Tenho que confessar que estou a faltar ao prometido.As fotos não aparecem porque não há quase nada para mostrar de novo.Uma exposição da empresa que ocupou muito tempo,uma visita á exposição Emaf no Porto,uma viagem a Barcelona á feira náutica e amanhã uma viagem de trabalho a Amesterdão.Estas pausas na construção também servem para ganhar forças e animo e acabam-se sempre por trabalhar ideias e soluções.

Portanto apenas na Sexta feira andarei por aqui,fiquem com a foto de um Ketch (veleiro com dois mastros,estando a roda de leme a vante do mastro da ré) lindo que estava em Portimão com bandeira da Irlanda do Norte.

Amanhã vou levar a máquina e vamos ver se dá para tirar umas fotos dos canais ....do bairro vermelho!,ou dos dois.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Luiza


A partir do momento em que admiti a hipótese de talvez um dia eu tambem partir á aventura ,que comecei a tentar saber mais do que era realmente a vida a bordo por esse mundo fora.As historias são mais ou menos abundantes.Famílias ,com ou sem filhos,pequenos ou crescidos,famílias que aumentaram a bordo.Pessoas incógnitas no seu dia a dia e que se transformaram em heróis sofredores,ou em loucos e vagabundos sem pátria conforme o ponto de vista.
O que é que faz uma família inteira abandonar a vida que conhece desde sempre e partir por ai?.O que é que os motiva?.Na verdade, em comum a todos eles havia e há um misto de poesia ou se desejarem ,romantismo mais ou menos filosófico,parece haver uma procura de qualquer coisa intensa que os faz desistir de tudo o que conhecem e embarcar no desconhecido e no perigoso.
Uma dessas famílias que eu conheci no deambular normal por blogues e sites é a família Passow.
Saíram do Brasil em 2002 e deixaram para trás tudo,a família,os empregos ,a casa,os amigos a educação dos filhos e também as frustrações o stress a rotina o futuro mediano e pré-estabelecido ou quase.
As coisas não correram bem no inicio,a adaptação não foi fácil,o romantismo e o sonho de uma vida idílica não surgem de mão beijada,tem de ser suada e depois conquistada, ou não.
A verdade é que eu desde o inicio gostei da postura destas pessoas.A Jane na sua narrativa fluída e simples foi dando uma perspectiva honesta da situação.Não teve problemas em admitir o fracasso que se transformou em vitoria quando a família após um largo período regressou ao barco.Comentou as dificuldades e angustias como poucos o fizeram.Fez o relato da sobrevivência .Simultaneamente fez o relato da viagem que ia prosseguindo,dos empregos que tinham que ter em cada porto,dos pães que tinham que cozer para vender a quem os quisesse.
Eu assisti a isto tudo lá da minha poltrona.Muitas vezes as noticias eram escassas ou separadas por muitos dias,mas religiosamente eu ia assistindo á transformação e adaptação que todos eles fizeram a uma vida que era agora,nos dias de hoje,o resultado bem sucedido de uma opção diferente.
No entanto toda a harmonia e adaptação que a família Passow desenvolveu ao longo destes anos ,foi bruscamente interrompida há cerca de duas semanas, quando numa viagem em solitário das Canárias para a Florida o" Luiza "foi abalroado por um cargueiro de bandeira grega e naufragou.
Os seus únicos ocupantes Fernando e a cadela "Pandora"foram salvos pelo cargueiro que os abalroou e transportados para os EUA que era precisamente o destino de ambos.
Sei que o Fernando está bem,em recuperação e bem tratado e não sei mais nada.
Na altura foi-me pedido segredo,foi respeitado,mas não sei mais nada.
Não faço ideia como é que vão reagir a esta situação.Fernando e pandora escaparam por milagre,muitas vezes nestas situações os oficiais da ponte nem dão conta que acabaram de participar numa tragédia e seguem o seu rumo indiferentes ao que os rodeia umas dezenas de metros la em baixo.
Não sei como é que a família vai ultrapassar esta fase difícil,sempre o fizeram da melhor maneira acredito que agora não será diferente.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Multichine 45 III







A construção continua,não em pleno como seria de esperar,mas na medida do possível.
Foi colocada a ultima antepara e nos próximos capítulos vai dar-se inicio á colocação das barras e varões que unem todo aquele ferro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O "bravo"

Há um mês sensivelmente,esteve acostado á marina de Vila Franca de Xira um catamarã de nome Bravo.
A família que o tripula é constituída por um casal e três filhos ,oriunda do Brasil estão a dar uma volta pelo mundo há 3 anos.
Assim que soube da existência deste potencial de experiência e informações fresquinhas pus-me em campo e não descansei enquanto não fiz um "interrogatório" cerrado ao comandante Ricardo.
Então ele e a sua esposa contaram-me que um dia chegaram a uma ilha (que desgraçadamente não fixei o nome) e ainda estavam a tentar descobrir qual o melhor sitio para lançar o ferro quando vêem uma canoa a vir ao seu encontro.
Apresentações á parte o tipo avisa que existe um sitio melhor e mais abrigado e indica aonde.Depois com bastante persistencia convida os marinheiros para a sua casa para jantarem.Recusaram,estavam cansados e já tinham a refeição pronta....fica para outro dia!dizem eles.
O indígena afasta-se para regressar um pouco mais tarde com o jantar dentro de uma panela(!).A família estranha este comportamento e mais estranha quando nos restantes dias se repetem esta e outras cenas do mesmo tipo, chegando ao ponto do comandante Ricardo questionar o individuo o porquê de tanta amabilidade e ele explicou.
Há uns anos atrás um Inglês passando por aquela zona arranjou três mulheres que não se davam bem e decidiu "ocupar" aquela ilha desabitada colocando cada uma das mulheres a uma ponta da ilha(esperto).Assim foi vivendo,feliz penso eu,e a família foi crescendo.Às tantas juntamente com outros intrusos chegaram aos 50 indivíduos.
È de salientar que aquela ilha nos dias de hoje é abastecida de viveres e equipamentos essências de 3 em 3 meses por via marítima,á altura dos factos...não sei!
Em determinado ano um violento furacão destroi a ilha,todas as infraestruturas que já eram precárias,e estabelece o caos.
Não havia apoios,nem ambulâncias,nem remédios nem hospitais nem nada e quem remediou a situação foram os navegadores que iam passando,sendo uns médicos ,outros sabiam dos mais diversos ofícios e foram compondo a ilha,as pessoas e a harmonia.
O velho Inglês jurou que a partir dali nenhum viajante que atracasse por aquelas paragens teria falta de nada, havendo sempre tudo o que é possível numa ilha, para lhe proporcionar uma estadia o mais agradável possível, fazendo o mínimo possível.
E assim foi com os seus descendentes ,até aos dias de hoje,levando a jura do Inglês tanto á letra que o Ricardo chegou a confidenciar-me que era um bocadinho "demais".Eram lagostas a toda a hora ,frutas das árvores , peixe do mais diverso,insistentes convites de toda a gente.... .
Nesta historia só tenho pena de não ter fixado o nome da ilha!.

domingo, 26 de outubro de 2008

Multichine 45

Esta é a ultima versão da construção.As cavernas todas colocadas mas ainda não alinhadas com rigor.Estão também já colocadas duas anteparas e uma terceira na bancada a sair.
Para quem quiser ampliar e ver em pormenor existem varias estruturas que são de apoio não fazendo parte da embarcação.

Na verdade este mês não foi muito produtivo,por esta altura seria de esperar um avanço um pouco maior na obra mas,na pratica o facto de estar na construção sozinho significa que quando outras obrigações me desviam do objectivo,este não avança.

Espero que até ao final do ano se possa ver mais barco e fica a promessa que a partir de agora todas as semanas será colocada pelo menos uma foto da construção, o que também me obrigará a assumir uma postura mais assídua no seu fabrico.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

FREE






O Free não apareceu á muito tempo no Tejo.È fabricado em contraplacado moldado e foi concerteza á muitos anos.

Não tem habitabilidade que seja digna desse nome,é pequeno e sofrido.

O seu dono trata-o com carinho,indiferente até a alguns comentários mais jocosos.

È fácil de o ver a navegar,o Paulo dá-lhe uso,rio abaixo,rio acima e nas regatas lá andam eles sempre activos, não perdem uma.Chegam a ombrear com os grandes ,a imiscuir-se em classificações que em teoria não seriam deles.


Gosto de ver esta imagem no Tejo,é o triunfo dos menos capazes,é a revolta da madeira antiga ,é uma inspiração.

Uma vénia para o Paulo Nunes e o FREE

sábado, 18 de outubro de 2008


Um dia,se tudo correr bem,será este o aspecto do veleiro.
Excepção feita ao apêndice que este estaleiro coloca logo a seguir á cabine e que é horrível.
O seu deslocamento é de 15 Ton com um comprimento de 14 metros,capacidade para 1100 litros de água e 550 de combustível.
Tem 3 cabines onde dormem confortavelmente 6 adultos e uma cabine de piloto,2 casas de banho,um salão e uma cozinha.
Quanto á segurança ,é fabricado em aço naval,tem 4 anteparas estanques e um posto de comando alternativo no interior.
È sem duvida uma embarcação preparada para qualquer latitude sendo estruturalmente muito robusto.
Se alguém se interessar por saber algum pormenor que não está aqui enunciado,é só dizer.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Multichine 45




Depois de vários pedidos,aqui estão as primeiras fotos da construção .


Esta não é bem a primeira fase da construção ,pois por aqui já tinha cortado muito ferro e feito alguma soldadura.


A objectiva que estou a usar não é a mais indicada para este tipo de foto e com as condições que disponho.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O cigano do Mar


Eu não conheço pessoalmente o ZéZé,falei com ele uma vez,uma conversa curta e informal.As historias que se falam do Zézé são mais que muitas,não sei aonde termina a realidade e começa a ficção,mas hei-de de descobrir.

Dele já ouvi dizer que foi preço na Guiné por ter dado á costa sem qualquer tipo de documentos,nem dele nem da embarcação.Parece que atravessou meio atlântico apenas com uma velha bússola de mão como instrumento,nessa mesma viagem ,quando chegou a Lisboa,trazia os flutuadores do trimarã meios de água.No blogue peixedagulha dizem que foi a uma ilha no meio do atlantico sul ,Tristão da cunha,trazer..."um destroço que mal flutuava..."para Lisboa.Já se falou que o Olympus pertenceu a Tabarly(o maior navegador Francês de todos os tempos)que capotou com ele ao largo dos Açores,e devido aos estragos foi rebocado para -não sei bem aonde-onde serviu de capoeira.Enfim,de vez em quando vejo-o lá no olympus a trabalhar,espero que sinceramente que ele possa terminar a sua obra,não sei onde pára o mastro,nem as velas,nem tão pouco o motor...espero que ele saiba!.


Este texto que se segue foi escrito originalmente por que já privou com o ZéZé e sabe concerteza mais dados do que eu.


..."Foi á 10 anos que o Zézé pediu para ficar 15 dias.

Final da tarde,um ilustre desconhecido entra para sócio da secção de vela do Alhandra sporting clube,informa que tem um trimarã (3 cascos)a precisar de reparação com a previsão de 15 dias estacionado na nossa rampa.Vai participar numa travessia oceãnica e aguarda patrocinio.

Quinze dias depois o barco não volta para a água,vai para terra,terrenos da A.P.L. (administração do porto de Lisboa) consternado o ZéZé não vê patrocinio e tem a A.P.L. ás costas.3 anos depois é o inicio da requalificação da zona ribeirinha de Alhandra,a embarcação está parqueada no caminho das máquinas,o ZéZé pede á "Etermar"para parar a obra(!)por 15 dias,para ele poder acabar a reparação,então colocaria a embarcação na água e a obra seria retornada.

A embarcação é removida por uma grua da "Etermar" que com alguma meiguice causa alguns estragos e mais umas dores de cabeça.

As coisas voltam á normalidade ,o ZéZé continua a frequentar o clube,balneários,etc os miudos queixam-se que é ele que gasta o gel de banho e o gaz. Decorre o ano de 2002,estou a frequentar o curso de patrão de costa (em lisboa),falamos de navegadores portugueses,eis que alguem pergunta:quem sabe onde anda o Zézé?

- por acaso está em Alhandra,alguém o quer?

- não era só para saber.

2005 estou a passar no parque de reparações da doca de Belém,meto conversa com o propriétario de uma embarcação que está a ser reparada,digo que sou de Alhandra.Alhandra? não é lá que está o ZéZé?

- desculpe,mas como é que o senhor conhece o Zézé?.

o zézé é o mais conhecido dos nevegadores desconhecidos

- fiquei convencido.

O Zézé ama o seu barco,de todos os momentos que privei com ele,custou-me imenso ter de telefonar a informa-lo que o seu barco partiu a amarra e estava a ser empurrado contra as pedras numa sulada(vento forte do quadrante sul) em Alhandra,ele estava longe,fez-se o pedido de socorro aos bombeiros que conseguiram salvar a embarcação sem danos de maior.

Hoje ,o Olympus encontra-se fundeado em frente ao museu de Alhandra (não sei se isto tem algum significado oculto).O "cigano do mar" não tem aparecido,espero que o Oliveira (Maião) não venha a ter razão quando diz que "aquilo" nunca mais vai navegar.

Como o Zézé me costumava dizer:..não há nada mais bonito que um trimarã a navegar á vela...".

Um grande abraço para o ZéZé d´alhandra.


escrito por João Manuel Rodrigues no blogue "m.a.m.a."


Calculo que ele nunca vá ler isto,mas desejo sinceramente que ele consiga.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Brasil

Por enquanto estou longe de tudo o que conheço,excepto a minha ninhada que me acompanhou á procura de praia,palmeiras e sol.Logo logo estarei de volta.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Baleeira


No final de Agosto tive o privilégio de fazer parte da tripulação de um veleiro que saiu de Portimão com destino a Lisboa.Tripulação essa composta por três marinheiros desejosos de içar velas e apanhar a brisa fresca de nordeste que se advinhava ao largo da baía de Portimão.

O Mar estava revolto de pequena vaga alterada ,os 30 nós de vento á bolina cerrada inclinavam o barco para sotavento de tal modo que foi imposta uma nova arrumação no interior, saltando tudo do seu lugar habitual. Outras embarcações refugiavam-se junto á linha de costa procurando nas escarpas altas alguma protecção.

A noite aproxima-se e o cabo de sagres também, a tripulação estava cansada e molhada,este vosso escriva com notória falta de equipamento ressentia-se das mãos doridas dos cabos ,e os pés encharcados á mais de 3 horas. A falta de experiência vai-se notando e o cansaço também.

Praia da Baleeira, porto de pesca de Sagres, praia do Zavial, cabo de São Vicente, fazem parte sem dúvida de um Algarve diferente. Esta é uma zona muito conhecida pelos adeptos de Surf, Windsurf e Bodybord. O promontório de Sagres oferece uma excelente protecção natural aos ventos predominantes, procuravamos essa proteção quando entramos pela enseada da praia da Baleeira. Era já de noite as rochas a estibordo tinham um aspecto ameaçador na escuridão, nenhum de nós alguma vez tinha estado ali, procuramos junto ao molhe do porto de pesca um espaço entre o emaranhado de boias, cabos soltos e desfiados pelo tempo e restos de redes velhas.

Meia dúzia de veleiros descansavam ao longo da baía, água parada, o vento já não se sentia. Colocamos o auxiliar na água e fomos á procura de um restaurante.

Achei estranho o facto de junto ao paredão do porto estarem estacionados cerca de duas dezenas de auto-caravanas,o restaurante estava cheio, já não servem aquela hora! outra tentativa mais acima no lugarejo. Aí sim, mesmo cheio arranjou-se espaço para mais três, o restaurante estava cheio de malta nova, ficamos a saber que havia um festival de música no fim-de-semana, quase toda a gente tinha optado por acampar nas dunas.

Por qualquer razão fiquei com vontade de voltar áquele lugar, não sei se foi devido ao ambiente, á nostalgia da juventude com bom ar ou ao facto de saber que estava numa zona livre de turistas hoteleiros. As casas antigas pintadas da cor da terra, o velho pontão ferrujento e corroído, a praia selvagem com as dunas logo ali ao lado, gostei, gostei mesmo. Regressamos para o barco já tarde, passava da meia-noite, dali a 5 horas seria o despertar para mais uma tirada. Ali no meio da penumbra advinhava-se o descanso nos outros veleiros, o silêncio em toda a baía era inspirador, fiquei um pouquinho mais na coberta, há 5 séculos que aquela baía cumpria a sua função, proteger, embalar os marinheiros para outras paragens mais longínquas e tenebrosas. O nosso passeio era uma viagem de meninos em comparação com tanta ousadia. mas tudo tem que começar por algum lado, eu estava a começar por um sítio inspirador e cheio de história, estava a começar a fazer a minha própria história.


P.S. a foto corresponde ao local descrito e foi tirada na manhã seguinte.

a foto abaixo não corresponde á" sagres" mas sim ao "creoula"

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Uma feliz coincidência


" O empregado do bar do terraço já não está a achar graça. É a terceira vez que eu venho pedir-lhe para abrir a janela e é proibido fazê-lo. Por causa de acidentes ou suicídios:um vigésimo quinto andar sobre a atmosfera tristonha e mal cuidada de Montevideu atrai muita vertigem do abismo. Prometo que não o volto a incomodar, só mais esta vez. Primeiro, foi por causa da vista impressionante sobre a cidade histórica,o porto,a baia e a colina. Mas o sol estava coberto por uma nuvem. Passados alguns minutos,a nuvem foi embora e uma luminosidade fantástica desceu sobre o Rio da Prata. A fotografia anterior ficava obsoleta ao lado desta,e o empregado do bar,resignado,lá teve que abrir novamente a janela.

Agora, não só tenho a luminosidade e a vista, mas também um veleiro magestoso e indolente que desliza em contraluz de sabe-se lá que recanto do mundo até ao porto de abrigo da baia de Montevideu."É o navio-escola Miranda"esclarece, lacónico, o empregado do bar,"o orgulho da marinha do Uruguai." Agadeço, esclarecido. Aliás, mal esclarecido. Não é nada o Miranda do Uruguai, venho a sabê-lo depois, á noite, num bar do porto,pelo grupo animado de marinheiros Portugueses, e o veleiro magestoso e indolente é o navio-escola Sagres. O orgulho da marinha de Portugal, apetece-me concluir.


Excerto de: CADILHE,Gonçalo, Nos passos de Magalhães, oficina do livro,2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Dia de Chuva

Está a chover e uma certa neblina no ar, e eu gosto.Agora ,quando fôr para casa,passo no cais de Alhandra e tenho a certeza que vou encontrar um ambiente magnifico (pelo menos para mim).
Acredito que na cidade a desolação seja mais que muita,com o transito caótico e as pessoas mal humoradas com esta chuva fora de época,mas o Rio não se importa com isso e estará soberbo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ilha da Madeira selvagem

Há cerca de 15 anos,uma volta á Madeira em caiaque que não correu como esperava,recambiou uma parte dos canoistas para o Funchal. A ponta de S.Lourenço fazia das suas e do lado de "lá" o mar era de vaga ordenada de 5 metros com tempo ventoso e muita chuva. Para mim bem podiam dizer que a vaga tinha 10 metros que eu acreditava,tal era a enorme massa de água que ameaçava engolir os caiaques tratando-os como folhas de papel molhado. Os pescadores recuperaram metade da frota(eu incluido) com os olhos esbugalhados a tiritar de frio e com o estomago ás voltas. O restante, composto essencialmente por Madeirenses , Açoreanos e alguns continentais continuou para as seguintes etapas. Nós os "outros" fomos despachados rapidamente para o Funchal, e foi tão rápido que a carrinha que nos transportava numa daquelas subidas e descidas vertiginosas perde literalmente a porta(!) e metade da carga (nós) esteve quase a ser despejada a meio do percurso.
A semana que se seguiu foi bem mais pacifica, deixou tempo livre para visitar a cidade e a marina, ler as mensagens que os navegadores deixam uns aos outros escritas no pontão de protecção. A aventura começava a tomar forma na minha cabeça, aqueles veleiros com pavilhão de várias origens transbordavam de aventura, perigos também, mas , é irresistível o chamamento e eu quero fazer parte desse mundo que é afinal a nossa terra.
Voltei mais vezes á madeira, enquanto o sonho de um dia ir para o mar ia cimentando devagarinho outras aventuras me levaram áquela ilha, fiquei a conhecer o hospital principal por dentro mas , essas são histórias para outro dia.......