sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Damien, A Aventura No Limite


Jerõme Poncet, o navegador e Gerard Janichon, o idealista, o escritor.
Dia 25 de maio de 1969, La Rochelle, França, um pequeno veleiro fabricado em madeira moldada é lançado á água.
Depois de 3 anos a construírem o veleiro, Jerõme e Gerard, ambos com 18 anos, saem de La Rochelle em busca do seu primeiro objectivo, cruzar o temível Mar do Norte em direcção ao Spitsberg e ás primeiras tempestades. Ilhas Lofoten deixadas por bombordo e a magia das paisagens Norueguesas. Da bruma surge o primeiro iceberg. Deslumbramento. Sempre mais para norte, a 76º N,apareceu, contemplando-os do alto dos seus rochedos, o famoso Spitsberg (ultima cadeia de montanhas antes da calote polar Árctica).
Subiram assim até ao paralelo 79, a 600 milhas do Pólo Norte...." chamo a isto,as latitudes solares e amo-as pela sua hipnose, á qual é perigoso abandonar-se porque o entorpecimento pode ser fatal...."
Nas altas latitudes estão perante um novo mundo, sem equipamento electrónico, com cartas mal detalhadas e a bússola "louca", devido ás interferências magnéticas (Polo magnético), iniciam a descida para Sul.
Islândia, Groenlandia, cabo Farewell e mergulhando mais para Sul, a meio caminha da América, são virados pela força do furacão "Gerda".
O mar das Antilhas proporcionou o seu quinhão de alegrias e tristezas. De navegação fácil e de tempestades, de escalas forçadas ou paradisíacas.
Mais para Sul, subiram o rio Amazonas até Manaus, a 900 milhas do oceano, em plena floresta Virgem. Foi uma espécie de parêntesis, antes de encontrarem os mares polares, como se a busca da evidencia os atraísse para as regiões extremas, para as latitudes geladas.
Hei-los em breve á vista do temível cabo Horn, com a inquietação como companhia, mas com a louca ideia de o transpor ao invés, de Este para Oeste. A seguir ao cabo Horn, o "Damien" percorreu as regiões geladas e agrestes do paralelo 60, antes de uma subida até á Tansmãnia, Austrália e Polinésia, que aqueceu o coração e o corpo dos marinheiros. Mas o Polo Sul atraia como um íman, voltaram a dirigir-se ao paralelo 68, muito abaixo do cabo Horn, em Adelaide.
Defendem-se do frio com um fogão a carvão, enfrentam as tempestades Austrais, onde a mais terrível de todas, volta a virar o veleiro com a quilha para cima e assim permaneceu muito tempo e os homens transidos de frio imaginaram o pior. Salvos por uma vaga, que voltou a endireitar o "Damien", mastro partido e com mastreação de fortuna ( aparelho realizado com o que fõr possível , de modo a dar algum seguimento á embarcação), ainda assim, navegam até á Georgia do Sul.
O "Damien" foi, sem duvida, um dos menores e impróprios veleiros a aportar na Antartida (ou Antartica).
Esta conquista dos gelos, uma das mais belas aventuras marítimas, foi narrada com tal talento por Gerard Jamichon que o "Damien" e os seus navegadores entraram para a lenda dos aventureiros universais.
" Na minha cabeça, qualquer coisa vibra como uma musica (.....) . É uma musica do Mar, das altas latitudes Sul, tão intensa, tão vibrante, sem afrouxar, sem baixar. Em nenhum momento se põe a duvida: o que ela quis exprimir?
Tudo é perfeitamente claro: basta escutar e entende-se. Quando a musica pára, o espectaculo já não sabe o que fazer. E aplaude".
Este texto foi baseado no livro.....O Grande Livro da Vela de Deshors, Michel Chaves Ferreira publicações S.A.
As fotos foram fotografadas por mim directamente do citado livro.
Outras informações foram retiradas do site aroundtheworld.com.br


8 comentários:

João Manuel Rodrigues disse...

Bem Rui, do que me foste lembrar.
Uma boa alternativa de viagem para fazer com o meu DC, um destes fins de semana se não subir o Rio, desço até á Antartida.
Primeiro faço é uma escala na doca do Espanhola, depois logo vejo.

João

jc disse...

Estou a gostar...essas latitudes também estão a mexer comigo...Dê uma espreitadela aqui www.norwegianblue.co.uk

Rui Silva disse...

João,
Bate certo, partir de Alhandra para a Antartida e fazer uma escala na doca do espanhol. Partir da doca do espanhol para a Antartida e fazer uma escala em Alhandra a que já era estranho...no minimo! de repente lembrei-me do Lilly (é assim que se escreve??).


jc,
Um dia gostava de saber o porquê destas latitudes "mexerem" com alguns de nós. Obrigado pelo Link, já andei a ver , tenho que o "estudar" com mais tempo. Veio na altura certa, tendo em atenção que ando a vasculhar tudo em busca de informações das altas latitudes.

Rui Silva disse...

Agora, depois de ler o meu comentario....lembrei-me do LillY porque, que eu saiba, foi o unico veleiro de bandeira Portuguesa a fazer uma visita á Antartida, sem ir primeiro a Alhandra.....claro!.

jc disse...

Conde, é a luz, a tranquilidade,(às vezes),as pessoas, a natureza, as paisagens virgens, únicas no mundo, só nessas latitudes ainda existem.Estou a pensar seriamente fazer no próximo verão a costa da noruega até Lofoten
à vela.Existe várias ofertas no mercado de charters, inclusive até mais a Norte SVALBARD as ilhas dos Ursos polares onde eu também gostava de ir mas isso terá que ficar para outra viagem.Assim como para a Antártida também há muita oferta no mercado.
Quando puderes dá uma espreitadela aqui www.polaris-sail.de vê as fotografias que isso te irá ajudar a entender o porquê de as altas latitudes "mexer" contigo. Eu tenho N links sobre navegação à vela em Altas Latitudes se quiseres diz-me um e-mail para onde eu os possa enviar-te.Pensei que eu era o único "louco" por essas paragens aqui neste cantinho à beira mar...

João Manuel Rodrigues disse...

Bem Rui, o LillY II é uma grande referência de navegação, nomeadamente pelo seu Skipper, Cmdt José Inácio que tambem assume o comando da Caravela Vera Cruz, mas tambem se tem deslocado a Alhandra, na passagem de ano 2007/2008 estivemos juntos nas nossas águas territoriais.
Como vês, que vai á Antartida, tambem vem á Alhandra, esta terra de grandes navegadores, embora só me esteja a lembrar de um ou dois, mas pronto.

João

Rui Silva disse...

Jc,
Ainda não descolei do site do " Polaris" se tiveres mais....conde.alverca@gmail.com
, obrigado.

João,
não consegues um cafezinho com o comandante José Inácio?.
E o mediterraneo? como é que é, já está definido?.

João Manuel Rodrigues disse...

Rui, basta avisares que telefono para o Cmdt José Inácio, para um briefing.
Entretando do Mediterrâneo ainda não há feed back, nem sim nem sopas, pelo que sei, continua tudo em aberto. A palavra de ordem é aguardar.

João