quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Saga dos Bacalhoeiros



...."Não devia existir expedição maritima mais tormentosa que a realizada pelos seus lugres de pesca longinqua. Pelos mares das tempestades frequentes onde a solidão das almas e do próprio tempo escorriam dos nevoeiros angustiantes e dos ventos gélidos e perpassavam os dias e os meses, durante meio ano, na incerteza do ganho e da sorte, com uma memória da familia ou de um amor nos corações"...

Anselmo Vieira conta-nos a ultima viagem do lugre bacalhoeiro "JuliaIV" da qual o próprio integrou a tripulação como piloto. Muito bem contada, esta história faz-nos recuar aos tempos em que os portugueses protagonizavam uma das maiores odisseias maritimas, pela coragem e ousadia que éra necessária e face á falta de meios que a"frota branca" dispunha (já outros paises dispunham de frotas mecanizadas, ainda os portugueses utilizavam alguns lugres de 3 mastros sem motor auxiliar).
Hoje em dia fazem programas destacando a pesca "extrema" que se pratica em modernos barcos potentissimos e com condições de habitabilidade modernas que, comparando com os pescadores dos "dories" faz destes os pescadores do inferno.
Eu nunca tive familiar que fosse pescador, nunca conheci ninguem que tivesse feito a viagem á Terra Nova, acredito que mesmo assim tenho a responsabilidade de pelo menos conhecer um pouco do sofrimento e angustia do meu Povo, de modo a poder dar valor ao seu sofrimento e magros proventos. Para saber muito acerca disto é http://caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt/.

4 comentários:

R disse...

Olá.
Comcordo plenamente quando falamos na coragem dos nossos pescadores em outros tempos,motivada muitas das vezes por fome e por falta de opção de vida,derivado a se nascer em terras de pescadores onde se aceita a vida do mar com mais naturalidade.
Eu nasci em Sines e o meu avô era pescador onde tinha uma traineira
e cheguei a ir com ele á pesca algumas vezes,tinha eu 12 anos. Hoje tenho 41 anos e ainda me faz confusão como é que o meu avô
com navoeiro cerrado e de noite conseguia encontrar as artes de pesca,navegando 3h usando só uma bussula e um relógio que ainda hoje guardo como recordação.
Eu não sou pescador mas tenho um barco á vela onde navego não em Sines mas em Lisboa,tenho
equipamentos de segurança e ajuda á navegação e mesmo assim fico com algum receio.
Acho que algo mais profundo existia nestes homens,talvez uma fé ou um sexto sentido muito apurado que ultrapassa qualquer bom senso ou equipamento.

Marco Gameiro disse...

Hoje pedi para minha filha comprar o livro e o comentário animador foi: _ não cansa ler a mesma coisa?
Até concordo que na minha mesa de cabeceira só tenha livros do "mesmo" assunto mas elas não conseguiram ver ou eu não consegui passar essa admiração pelo mar e pelas coisas do mar, como o comentário do R, acima.
Um abraço

Rui Silva disse...

R,
O livro tambem fala desse "instinto" e da forma como os velhos pescadores "sentiam" o mar e o tempo. Mas as coisas não corriam sempre bem e a algum tempo deu na TV que algures numa cidade da Terra Nova existe um cemitério com muitos Portugueses enterrados.
Gosto muito de entrar em Sines por aquela baia adentro, talvez por conhecer bem Sines e achar que chegar num veleiro faz parecer outra cidade.

Marco,
Eu sei o que isso é, aqui em casa é mais ou menos a mesma coisa. Comprei um globo para os entusiasmar com as distancias e aguçar o gosto pelo desconhecido. Faço com que olhem para o ceu para entender o tempo e as nuvens. vamos ver o que sai daqui.

R disse...

É verdade tenho uma filha com 11 anos que gosta do mar mas...infelizmente existe um mas...
relacionado com a falta de computador ou televisão que é sempre motivo de comversa que no fim acaba por comcordar que foi um dia bem passado,mas... na proxima vez a guerra é a mesma :).Quando falo em dia irmos fazer uma viagem mais longa de barco onde nem me atrevo a dizer os dias que pode levar a resposta é sempre -nem penses.
O fundear na baia de Sines tem um certo toque de magia pela paisagem e a mistura do cheiro a terra e mar algo que adoro desde criança.
Um Abraço
Rui