quinta-feira, 5 de março de 2009

Evgeny gvoznev











..."Um navegador, que nunca foi noticia para ocupar primeiros planos em diários e muito menos em revistas náuticas, o seu desejo era apenas navegar em solitário, no seu pequeno veleiro, sorrir, fazer amigos em cada porto...e isso não é noticia, apenas um belo exemplo de vida...". È assim que a Asociacion Deportiva Argentina de Navegantes nos apresenta o homem.
Eu já tinha lido qualquer coisa acerca deste navegador solitário, mas agora fiquei a saber um pouco mais.
Engenheiro mecânico, natural de Makhachkala, na Rússia, construiu um veleiro na varanda da sua casa. Nesta embarcação de 3.70 de comprimento por 1.40 de largura máxima, Evgeny deu três voltas ao mundo em solitário. Era conhecido pela sua simpatia e tenacidade, era admirado por todos os que sabem, que navegar em solitário é coisa apenas para alguns,nem melhores nem piores, apenas diferentes. Era admirado pelo facto de fazer uma obra já de si difícil (navegar é volta do mundo) mas também por o fazer numa embarcação tão pequena.
Sabia seguramente, dos riscos que corria, acrescidos pela falta de condições de uma embarcação inapropriada para enfrentar o mar alto e longas estadias num meio hostil. Sabia seguramente que a navegação em solitário, por si só, representa um desafio enorme a que poucos se submetem.
Evgeny defendeu-se da tempestade como pôde e soube, ficou sem mastro. Contactou um amigo da sua cidade a relatar o sucedido e a sua intenção de aportar assim que fosse possível, para fazer as necessárias reparações. No dia 2 de Dezembro, um carabineiro encontrou-o, perto de Ostia, Itália. Flutuava junto ao barco com uma enorme ferida na cabeça. Acabou assim a aventura deste russo, da pior maneira possível.
Muito se poderia dizer agora, desde o previsível...morreu como gostaria.... até ao inevitável....ele saberia que provavelmente teria este destino..... . Eu prefiro uma abordagem mais prosaica e talvez egoísta.....adorava ter conhecido este homem!.

13 comentários:

Missanguita disse...

Espero que não estejas a pensar seguir-lhe as pisadas...
Espero mesmo...

Rafeiro Perfumado disse...

Apesar do triste destino, invejo o facto de ter morrido a fazer algo que lhe dava gozo...

Abraço!

Ana Camarra disse...

Conde

Um homem corajoso que viveu um sonho, até ao fim.
Com um nome incapaz de eu repetir.
Ainda que regressaste!

Beijos

Paulo Lontro disse...

Conde, deixa-me que te diga que esperei um mês por um post teu mas valeu a pena.
Este post é uma pérola.
Este homem é a essência do perfume que é andar no mar, a caixa do perfume e o marketing até não terão sido os mais interessantes, mas o cheiro de vida que ele procurava, muito provavelmente, encontrou-o, talvez não valha a morte mas valerá bem mais que morrer numa estrada indo para uma rotina qualquer do dia a dia…..

leitanita disse...

Começas o treino até ao outro lado do atlantico, mas nem sonhes em fazer igual!!!

Rui Silva disse...

Missanguita,
Vamos ver,vamos ver.

Rafeiro,
Podes crer,com 68 anos daqui a algum tempo já estaria na fila para ser colocado num deposito de velhos.

Ana Camarra,

Pois corajoso sim senhora,a maior parte das pessoas apenas se sentem protegidas no meio do mar se estiverem numa ilha.

Paulo Lontro,
Um mês?, foi assim tanto tempo!.
Cheiro de vida...gostei dessa expressão.

Leitanita,
atravessar o Atlantico,bom treino sim senhora e pelo meio Cabo verde, com os seus festivais de musica na praia,pés descalço na areia e vida despreocupada, hum....

Anónimo disse...

olá conde, é a primeira vez que escrevo comentários num blogue e espero não ser a ultima. Antes de mais deixa-me felicitar-te por essa grandiosa aventura a que te propuses-te com a certeza que a irás orgulhosamente finalizar.Segue o teu sonho e certamente um dia terás a oportunidade de ver,cheirar,sentir e até mesmo sonhar o mesmo sonho daquele navegador solitário. A diferença entre vós será certamente o tamanho da embarcão e a promessa que não viverás todas esses sonhos sozinho!

Sunshine disse...

Viva Conde!!

Bom ver-te de volta.


Viveu e morreu concretizando o seu sonho esse senhor de nome impronunciável, pelo que descreves só mesmo uma incrível vontade de navegar leva uma pessoa a enfrentar toda a fúria que o mar pode mostrar bem como as intermináveis calmarias numa "casquinha de noz" como essa que se vê nas fotografias. Imagino o longo tempo que passou navegando solitário por esses mares, três voltas ao mundo é realmente um desafio imenso.

E o teu sonho ??

Bjs

leitanita disse...

Ok temos Los Roques esperando por nós!!!

Anónimo disse...

Olá.
Tenho uma vaga ideia de ter ouvido falar dele, na TV.
Agora que li este post, fiquei sensibilizada pela maneira como o escreveu, e pela vida que este homem teria tido, no mar, que deveria ser a mulher da sua vida.
Morreu só, e como desejaria, talvez.
Abraço

Peter Mary disse...

Vive-se pelos sonhos :)

Abraço

Teté disse...

O que me deixa mais abismada é o tipo de carolice que leva um homem a construir um barco na sua varanda. :)

Quanto ao resto, pois, de certeza que sabia os riscos que corria...

M. disse...

... Morreu no seu meio. Há mortes piores e muito menos dignas.

Gostei. E gostei especialmente de ver o retomar destas lides.

Parece-me o post indicado para agradecer o teu comentário.

Bons ventos.

M.